Empresas ainda oferecem poucas vagas executivas para pessoas com deficiência
Para cumprir suas cotas de pessoas com deficiência (PCDs), algumas empresas acabam se valendo da lei para preencher cargos operacionais. Isso porque, de acordo com um recente levantamento do site Vagas.com, apenas 3% das oportunidades destinadas exclusivamente para PCDs se referem a posições de coordenação, supervisão, gerência e direção. Por outro lado, 80% das oportunidades são operacionais, para auxiliares e técnicos.Algumas companhias reclamam da falta de qualificação profissional dos PCDs. O banco de dados do Vagas.com, por exemplo, possui 27 200 currículos de pessoas com deficiência. Destes, 6% possuem ensino superior completo e apenas 0,9% frequentam algum curso de pós-graduação, mestrado ou doutorado.
Mesmo assim, um outro dado do levantamento mostra que a demanda das empresas, em termos de qualificação profissional, não é compatível com a oferta de vagas especializadas para PCDs. Dos anúncios de empregos gerais do site, 66% são para candidatos com ensino superior completo ou em andamento. Por outro lado, das vagas exclusivas para PCDs, 32% exigem formação superior completa ou em andamento.
Percepções e expectativas dos PCDs
Outra pesquisa, dessa vez da consultoria i.Social, que atua exclusivamente em prol dos PCDs, revela que houve um leve aumento no grau de qualificação desses profissionais. Em 2011, 49% dos pesquisados tinham ensino superior em andamento e, na versão atual, a marca subiu para 53%. Foram entrevistadas 674 pessoas.
Atualmente, 38,5% dos pesquisados estão fora do mercado de trabalho, e no ano passado os desempregados somavam 29%. Entre os que estão trabalhando, 21% ocupam cargos técnicos, sendo que, em 2011, apenas 7% estavam nessa situação. E mais: "Houve um importante decréscimo de PCDs empregadas em cargos gerenciais -- apenas 2% em 2012 contra 9% em 2011", relata Júlia Rosemberg, gerente de projetos da i.Social.
Na pesquisa de 2011, as três barreiras citadas como impeditivas para a inclusão de profissionais com deficiencia no mercado formal de trabalho foram, em ordem de importância: poucas oportunidades, foco exclusivo no cumprimento de cota e oportunidades ruins. Em 2012, as barreiras citadas foram as mesmas, no entanto, alterou a ordem de classificação: oportunidades ruins, foco exclusivo no cumprimento de cota e poucas oportunidades.
A i.social perguntou aos entrevistados se eles receberam alguma promoção em seu último emprego formal. "Observamos que três quartos dos respondentes não receberam nenhuma promoção no último emprego e, se considerarmos que a maioria dos pesquisados está (ou ficou) há mais de um ano no atual emprego, podemos suspeitar, ainda que não afirmar, que mesmo com um tempo relativo de emprego, essas pessoas não estão evoluindo dentro da empresa", avalia Júlia.
Em outra questão foi abordado o que poderia ser interessante para a ampliação e/ou melhora da qualidade das vagas oferecidas pela Lei de Cotas. Para 31% dos pesquisados, a fiscalização deveria ser reforçada, ou seja, a punição é o caminho mais eficaz para o cumprimento da legislação. Outros 25% avaliaram que o aumento da porcentagem de pessoas com deficiência na empresa seria uma saída, e 23% creem num incentivo fiscal para as companhias contratantes.
A consultoria também avaliou a questão do preconceito no ambiente de trabalho. "Nos impressionou bastante o fato de 47% dos pesquisados já terem sofrido algum tipo de preconceito", diz Júlia. Ela acrescenta que 93,5% dos respondentes consideram que os profissionais de RH e gestores precisam se informar mais e se conscientizar sobre o tema da inclusão de PCDs.
Fonte: Você RH
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